"Contribuir com o fortalecimento das Organizações Sociais na perspectiva da defesa dos direitos e da transformação social, construindo parcerias e dando visibilidade a práticas sociais inovadoras".

Os desafios do Presidente Lula para os primeiros 100 dias de governo no Brasil

Bandeira estendida pelo povo durante a posse do presidente Lula. 01 de janeiro de 2023. Foto| Luciney Martins

 

Em entrevista para a Rádio AM 750 da Argentina, Paulo Maldos, secretário executivo do Centro de Assessoria e Apoio a Iniciativas Sociais (CAIS), falou sobre a reconstrução do país. Cumprir a agenda social em curto prazo é um dos maiores desafios.

Diante ao cenário atual no Brasil em que mais de 30 milhões de pessoas estão em situação de insegurança alimentar, pensar em soluções para sanar um ponto não será suficiente com milhares de desempregados e o enfrentamento aos problemas relacionados a Covid -19 que o país ainda enfrenta.

Paulo enfatizou que diante da destruição das políticas públicas do governo Bolsonaro, são imensos os prejuízos no campo dos direitos humanos e meio ambiente que afetam sobretudo mulheres, jovens e crianças.

 

“A esta altura, instala-se um desafio menos visível, mas que assola o Brasil desde os alicerces, e tem a ver com a enorme fratura social deixada pelo governo de Jair Bolsonaro”. Aqui tínhamos algo diferente, que era a extrema direita. Em outros países há mais conservadores, as oligarquias tradicionais que governam. Aqui tínhamos um grupo nazista no poder com Bolsonaro.  No Brasil temos o desafio de como reconstruir as relações na própria sociedade. São milhares de núcleos da extrema-direita violenta que estão no Brasil. Isso é um grande desafio. Outro desafio do governo Lula que é ampliar, recuperar e construir novos direitos à frente de um parlamento amplo e dividido”, explicou Paulo Maldos.

 

Rádio AM 750 – Quais as motivações para Jair Bolsonaro não passar a faixa presidencial ao presidente eleito Lula da Silva?

 

Tem uma carga simbólica muito grande. Primeiro trata-se da característica do próprio Bolsonaro de não aceitar derrotas. Segundo ponto, a saída do ex-presidente do país é o medo de ser preso em razão das centenas de processos que precisa responder nas várias instâncias.  A saída do país antes do dia primeiro de janeiro foi uma orientação de seus advogados. O fato de ir para os EUA é parte de sua estratégia e buscar apoio de seus aliados,  sobretudo dos republicanos apoiadores de Donald Trump.

Rádio AM 750 – Quais os desafios que partem do gabinete do presidente Lula para um consenso político do atual parlamento?

 

Outro desafio será mais próximo de Lula, em seu próprio gabinete. Desde a própria construção da chapa de Lula e Geraldo Alckmin é desafio desta frente ampla que se formou. A frente ampla que formou uma coalizão de direita e esquerda propôs este cenário com um conjunto de desafios para formar os ministérios. Junto ao vice-presidente Alckmin, Lula vem construindo apoios com centro direita e centro esquerda do país para poder governar. O conjunto de ministros é um reflexo disso, temos desde o Ministério dos Povos Indígenas, algo inédito no país. Terá a frente uma mulher indígena, Sônia Guajajara, eleita pelo estado de São Paulo. Então teremos toda uma construção política com frentes dos setores do Partido dos Trabalhadores (PT), setores da esquerda e representantes da direita e centro-direita para reconstruir o país. Esta frente ampla contribuirá para que Lula possa encaminhar as urgências. É uma construção para viabilizar os desafios como combate à fome, meio ambiente e salários. E anular os decretos do Bolsonaro que foram um retrocesso em matéria de Direitos Humanos.

Rádio AM 750 – Como foi o reflexo do discurso do presidente Lula?

Foi surpreendente porque o discurso de Lula é de alguém que sofreu muito nos últimos seis anos. É um reflexo de mais de quinhentos dias de prisão, de alguém que fez muitas reflexões e conversou com muita gente. É um discurso de alguém que compreende melhor o mundo e tem mais conhecimento da sua missão que é cuidar do povo brasileiro. Me parece que Lula coloca um marco em seu novo governo com objetivo de construir uma sociedade mais justa, com humanização através das políticas públicas, humanização de governo nos setores da sociedade a exemplo que todos os ministérios atendam a participação social. O discurso do presidente Lula trás uma linha de democratizar o governo radicalmente, que a sociedade tenha poder sobre o estado. Penso que é um discurso profundamente humano.

 

Acompanhe a entrevista na íntegra aqui: https://www.pagina12.com.ar/512606-los-7-desafios-de-lula-da-silva-para-los-primeros-100-dias-d