"Contribuir com o fortalecimento das Organizações Sociais na perspectiva da defesa dos direitos e da transformação social, construindo parcerias e dando visibilidade a práticas sociais inovadoras".

MST divulga carta sobre o adiamento do seu VII Congresso Nacional

 

Porque adiar não é paralisar, é organizar, mobilizar, se solidarizar e nos humanizar.

 

 

*Comunicação do  MST

 

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) vem a público prestar solidariedade e reafirmá-la como alicerce para a resistência e a luta. Neste contexto, com o coração pesado pela dor e luto que atravessam o povo do Rio Grande do Sul, o MST decidiu adiar seu VII Congresso Nacional para julho de 2025.

 

Em nota oficial, o Movimento aponta que o adiamento não é uma pausa, mas uma reafirmação do compromisso de estar ao lado daqueles que mais precisam. O objetivo é canalizar toda a energia, recursos e conhecimentos adquiridos ao longo dos 40 anos do Movimento para apoiar e reconstruir as comunidades afetadas, oferecendo o trabalho solidário, alimentos, organização e calor humano. Em tempos de adversidade, a solidariedade se transforma em ação concreta, e o MST se une à sociedade para exigir políticas públicas efetivas e iniciativas governamentais que atendam às necessidades urgentes da população atingida.

 

Confira abaixo a Carta do Movimento na íntegra:

 

CARTA DO MST SOBRE O ADIAMENTO DO VII CONGRESSO NACIONAL

 

Guararema/SP, 16 de Maio de 2024

 

Aprendemos ao longo dos nossos 40 anos que a solidariedade é a ternura dos povos, um princípio revolucionário e um valor humano. Reconhecemos que nossa existência e resistência é fruto da solidariedade dos povos do mundo. Logo, nesses tempos de violência e degradação da vida se faz necessário colocar a solidariedade na centralidade da nossa ação política e neste momento de dor e luto em que se encontra o povo do Rio Grande do Sul, o MST define por adiar a realização do seu VII Congresso Nacional para julho de 2025.

Dedicaremos nossas forças e o melhor que construímos ao longo de nossa história para contribuir nesta reconstrução, acolhendo e cuidando do povo. Oferecendo nosso trabalho solidário, nosso melhor alimento, nossa militância, organização e o nosso melhor abraço. Todo nosso afeto para reconstrução das humanidades e dos sonhos interrompidos.

Seguiremos somando forças nas ações de solidariedade junto à sociedade, reivindicando políticas públicas e iniciativas do governo federal na reconstrução das moradias, espaços culturais, educativos, produtivos, cooperados e de cuidado de nossos territórios. Como ação concreta e imediata o MST, a nível nacional, organizará brigadas de apoio nas diferentes áreas para reconstruir uma nova memória, história e condições estruturais dignas de existência para as famílias atingidas.

Nos manteremos juntos, de mãos dadas, com o conjunto da classe trabalhadora do campo e da cidade que mais está sentindo os impactos da crise ambiental expressa nesta catástrofe que atinge o estado do Rio Grande do Sul desde o final de abril.

Essa catástrofe é uma tragédia anunciada. Estudos científicos apontam há décadas o aceleramento e intensificação dos eventos climáticos extremos, decorrentes do modelo de desenvolvimento capitalista e do agronegócio, que visa o lucro de forma desmedida: com a concentração da terra, desmatamentos e queimadas, uso intensivo de agrotóxicos, produção de monocultivos extensivos, apropriação dos bens comuns da natureza e desmonte das leis de proteção ambiental. Esse não é um desastre natural ou vingança divina, mas é sim a expressão do modelo destrutivo do capital, representado por quem quer “passar a boiada”, que estão diretamente vinculados aos interesses do agronegócio, hidronegócio e da mineração, infiltrados nos mais diversos espaços de decisão política do país.

Diante deste cenário, seguimos em luta reafirmando o compromisso de construção da Reforma Agrária Popular como uma necessidade e urgência, baseada na agroecologia, cooperação, democratização da terra e tendo como centralidade o ser humano e a natureza.

O adiamento do VII Congresso Nacional do MST nesse contexto significa a ampliação do processo de preparação e debates com a nossa base e sociedade, aprofundando o estudo sobre a questão ambiental em nossos territórios e o enraizamento do nosso programa agrário.

Para tanto, convocamos toda nossa militância, as nossas famílias acampadas e assentadas, e reafirmamos o convite a amigos, amigas e organizações populares a se envolverem em um amplo processo de trabalho de base de organização, formação e luta com criatividade e disciplina.

Porque adiar não é paralisar, é organizar, mobilizar, se solidarizar e nos humanizar. Continuaremos rumo ao VII Congresso Nacional do MST e toda nossa solidariedade ao povo Riograndense!

Direção Nacional

Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra

Lutar, Construir Reforma Agrária Popular!

 

 

*Texto publicado originalmente  no site do MST