"Contribuir com o fortalecimento das Organizações Sociais na perspectiva da defesa dos direitos e da transformação social, construindo parcerias e dando visibilidade a práticas sociais inovadoras".
Filme da Campanha Contra a Violência no Campo, denuncia conflitos históricos e estrutural
“Vida e Terra Sim, Violência Não”, filme expõe dados históricos sobre violência que atinge povos, do campo das florestas e das águas
*Por Cláudia Pereira | APC
Rafaela Ferreira | CCVC
O vídeo foi lançado durante o seminário dos povos contra a violência, evento realizado em Brasília entre 20 a 23/08 e que denunciou mais uma vez as diversas violações de direitos e exigiu do Estado medidas urgente e efetivas. O vídeo institucional marcar dois anos de atuação da Campanha Contra a Violência no Campo e ilustrando dados que narram a violência sistêmica contra os povos do campo, das florestas e das águas.
Com duração de sete minutos, o vídeo inicia com manchetes dos veículos oficiais do país, que recorda o assassinato de Mãe Bernadete, líder quilombola em agosto de 2023, com 12 tiros, no quilombo Pitanga dos Palmares, em Simões Filho (BA). Entre as manchetes de crimes ambientais a abertura do vídeo trás a memória de Paulo Paulino, líder indígena Guajajara, morto por madeireiros, em novembro de 2012, na região de Bom Jesus das Selvas, Maranhão.
“O vídeo trás dados muito significativo e faz uma visão panorâmica desde 1500, quando o Brasil é ocupado por povos europeus. Nos coloca a reflexão do período de escravidão e destaca os últimos dez anos de violência no campo”.
Em outro momento o vídeo faz questionamentos reflexivos sobre dados históricos da violência, o vídeo reforça as denuncias contra os povos e registrados desde o ano de 1985. Nos últimos 10 anos, foram registrados mais de 17. 600 ocorrências de conflitos de violência envolvendo terra, mais 1.406 casos de conflitos contra povos originários e milhares de famílias atingidas por contaminação por agrotóxico.
Um dos objetivos do vídeo para além da divulgar a realidade da violência é também ser uma ferramenta para articular ações nos territórios. “O vídeo trás dados muito significativo e faz uma visão panorâmica desde 1500, quando o Brasil é ocupado por povos europeus. Nos coloca a reflexão do período de escravidão e destaca os últimos dez anos de violência no campo. Ele nos apresenta o contexto da violência histórica e estrutural e aponta saída que é a reforma agrária, a divisão equitativa das terras para quem precisa para trabalhar e isso é a garantia do direito e modos de vida dos povos do campo”, analisou o secretário executivo da Campanha Contra Violência no Campo, Jardel Lopes.
Massacre Pau D`arco em 2017 (PA) – Foto: Repórter Brasil
O vídeo foi realizado pela Campanha Contra a Violência no Campo, roteiro e produção de Cláudia Pereira, locução de Ana Maria Mello e Thiago Luca e a participação especial do ator João Signorelli. As imagens foram por meio de colaboração do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Conselho Indigenista Missionário (Cimi) Rede TVT e Verbo Filmes. Edição e finalização: produtora Verbo Filmes.
Em dois anos de existência, a Campanha concentrou esforços na visibilidade dessas questões, no enraizamento junto às comunidades e na incidência política para a sociedade. Organizada por mais de 70 entidades da sociedade civil, movimentos populares e pastorais sociais, a Campanha nasceu em defesa dos povos que lutam pelo acesso à terra e pelo direito de ser e existir, unindo esforços para enfrentar a injustiça, a opressão e a desumanidade contra aqueles que resistem em defesa de suas terras e territórios. O vídeo institucional está disponível no YouTube e nas redes sociais da Campanha.
*Texto publicado originalmente no site da Cepast-CNBB.