Por Cláudia Pereira
A noite de 02 de outubro no Brasil foi tensa. A maior tv aberta do país transmitia o resultado das eleições como se fosse uma partida de futebol, nas redes sociais o clima era de euforia. Tenso sim, euforia não, preocupante. No momento em que as urnas iam sendo apuradas o país revelava a versão de uma sociedade “conservadora” e uma certa naturalização do fascismo. Os mesmos que perseguiram o processo eleitoral e cometeram crimes contra a democracia, exerceram o direito de liberdade para escolher seus representantes para os poderes legislativo e executivo.
Durante o dia, ao menos na capital paulista, a camisa verde amarela predominava nas ruas e avenidas, nas filas das seções era visível a presença de idosos e jovens. O que nos faz pensar e questionar o resultado das eleições deste primeiro turno que define o legislativo dos estados e da federação.
As regiões centro-oeste, sudeste e sul do país que concentram o agronegócio, confirmam o destino do orçamento secreto. As emendas que o parlamento destinou recursos dos cofres públicos sem transparência evidenciam os resultados das eleições destas regiões que vai compor a câmara e o senado federal. A região norte demonstrou o que já era previsto, o mais do mesmo. Os estados da região que compõem a região amazônica elegeram representações que contribuíram na omissão de crimes, violações ambientais e aos direitos humanos. Enquanto isso, a região nordeste demonstrou a sua força em favor da democracia e na reconstrução do país dilacerado pela fome e injustiça social.
Mais que representação de força, Lula obteve um pouco mais que 66% dos votos na região nordeste. Um indicativo que vai além da salvação do país, como definiram as diversas manifestações na internet. O reflexo das urnas da região onde nasceu Inácio Lula da Silva, dá o seu recado: defender a democracia, construir políticas sociais, revisar as reformas trabalhistas, previdência e o mais importante acabar com a fome. O Nordeste deixa claro que a Esperança mantém firme a caminhada de luta.
As urnas revelaram um fanatismo político acentuado que discursa um falso moralismo, que absorve e dissemina notícias falsas sem dar a menor chance para a razão. A “manipulação religiosa” utilizada para desvirtuar o foco de debates importantes durante as eleições deu espaço para transgressores. Esse fator violento elegeu figuras extremistas e perigosas. É chocante saber que ex-ministros deste desgoverno entrarão no senado e na câmara federal pelo voto popular. Mas, diante a este cenário revelador e que ainda iremos definir o futuro do país no último domingo de outubro, temos que celebrar algumas conquistas.
No senado vamos enfrentar o paredão da extrema direita, configurações que podem mudar com o tempo e com o resultado do segundo turno. Mas, na câmara federal teremos representações dos nossos povos indígenas, quilombolas, camponeses, LGBTQI+ e dos movimentos populares da classe trabalhadora. Não estamos sozinhos, a luta para o segundo turno será duríssima para enfrentar a falta de consciência política no Brasil que ainda não descolonizou.
O fascismo foi revelado, mas a nossa força em defesa da vida é muito maior. Somos mais que suficientes para mobilizar e fortalecer os novos caminhos para este Brasil. Seguiremos na luta que valerá a pena. Elza Soares na música Brasis, cantou que o Brasil é porto seguro com suas riquezas naturais e queremos ver o nosso povo de cabeça em pé. Vamos à luta Brasil!
CAIS | Centro de Assessoria e Apoio a Iniciativas Sociais