Dom José Reginaldo Andrietta ressalta a importância de a sociedade refletir os desafios atuais do mundo do trabalho.
O Dia Mundial dos trabalhadores e das trabalhadoras é momento de reflexão. Nos últimos anos a precarização no mundo do trabalho ficou mais evidente a crise sociopolítica e a crise sanitária que o mundo enfrentou com a pandemia da Covid-19. Não bastasse estas questões, no cenário nacional e mundial, os operários e operárias do Brasil, enfrentam flexibilização de leis que permite retirada de direitos importantes e as novas tecnologias que subtrai trabalhadores no mercado. Dom Reginaldo Andrietta, bispo de Jales (SP) e referencial da Pastoral Operária no Brasil, participou do programa semanal da Comissão Brasileira de Justiça e Paz (CBJP), Despertar com Justiça e Paz e compartilhou as reflexões deste momento.
Dom Reginaldo que também é vice-presidente do CAIS falou da Pastoral Operária que acompanha a luta dos trabalhadores entre as pautas destaque para o enfrentamento ao trabalho escravo no Brasil. Outro ponto que dom Reginaldo ressalta, é a cultura do trabalho como dignidade para a pessoa humana que nos últimos tempos tem colocado o lucro em primeiro lugar. “O Dia do Trabalho é um conceito equivocado. Na realidade esse conceito disfarça aquilo que passa na vida da pessoa que é trabalhadora. É necessário visitar a história para se entender a realidade. Primeiro de maio é um dia de luta da classe trabalhadora que busca por direitos”. Afirmou Dom Reginaldo.
Muito ainda precisa ser feito para a valorização do trabalho e a dignidade dos trabalhadores, sobretudo nestes tempos em que o capital avança com o novo modelo de trabalho denominado de empreendedorismo. É preciso atenção neste modelo atual de trabalho que individualiza e explora mulheres e homens. Neste novo governo, a luta da classe trabalhadora é para revogar a atual reforma trabalhista e recuperar direitos. A legislação atual gerou um número maior de pessoas trabalhando na informalidade e atualmente a taxa de desemprego subiu para 08,08% no primeiro trimestre deste ano. Os desafios atuais são muitos inclusive para Igreja Católica que permanece em diálogo com a sociedade para uma economia justa e solidária.
Dom Reginaldo finalizou a participação do programa apresentado por Daniel Seidel, citando um trecho da mensagem da “Carta ao Povo Brasileiro” divulgada na Assembleia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
“[…] Às vésperas do dia 1º de maio, saudamos os trabalhadores e as trabalhadoras de nosso País, com as palavras do Papa Francisco: “O mundo do trabalho é prioridade humana, é prioridade cristã, a partir de Jesus trabalhador. Onde há um trabalhador, ali há o olhar do amor do Senhor e da Igreja. Lugares de trabalho são lugares do povo de Deus” (Encontro com Trabalhadores em Gênova, Itália, 2017). Diante das mudanças do mundo do trabalho, percebemos que promessas de crescimento econômico, geração de empregos, melhores condições de trabalho, aumento de renda, redução da carga horária, mais tempo de descanso e convivência social, enfim, condições mais saudáveis de vida, continuam sendo desafios sem soluções. A crescente informalidade das relações trabalhistas reduz a segurança social e impede o acesso ao mínimo para a sobrevivência. O trabalho análogo à escravidão, presente em todo o território nacional, é uma chaga social que precisa ser energicamente combatida pelos poderes constituídos e por toda a sociedade […]”
A Comissão Episcopal Pastoral para Ação Sociotransformadora (Cepast) da CNBB, publicou ferramentas que ajudam na reflexão de luta dos trabalhadores para estes tempos.
Acesse aqui os subsídios deste ano.
Reflexões para o 1º de Maio Comitê TRABALHO CEPAST CNBB (3) Cartilha 1 de maio
Por Cláudia Pereira
CAIS | Centro de Assessoria e Apoio a Iniciativas Sociais