"Contribuir com o fortalecimento das Organizações Sociais na perspectiva da defesa dos direitos e da transformação social, construindo parcerias e dando visibilidade a práticas sociais inovadoras".

Centro de distribuição de alimentos agroecológicos é inaugurado em São Paulo

Em plena pandemia de corona vírus a cidade de São Paulo ganhou um novo presente: um entreposto de alimentos agroecológicos produzidos no cinturão verde da cidade, o Galpão Agroecológico.

Com a saúde em risco por conta do novo vírus e a economia em crise por conta da quarentena, milhares de pessoas em vulnerabilidade viram as suas situações ainda mais agravadas. Com a fome e as enfermidades batendo com força à porta de tantas famílias nasce na cidade uma iniciativa, os Anticorpos Agroecológicos. O grupo arrecadou dinheiro com quem pode doar e comprou alimentos provenientes da agricultura familiar afim de distribuí-los para quem precisa nas periferias da cidade.

Depois de 9 toneladas de alimentos doados providos por 19 núcleos de produção agroecológica, distribuídos graças ao apoio de dezenas de voluntários, atendendo a 110 comunidades na periferia da capital paulista, a rede conseguiu locar um espaço no bairro do Rio Pequeno, no subdistrito do Butantã, na zona oeste de São Paulo.

Segundo Lucas Ciola, um dos fundadores do Anticorpos Agroeológicos, os produtores da rede agroecológica paulista já careciam de um entreposto dentro da cidade de São Paulo mesmo antes da chegada do vírus e como toda crise traz oportunidades, “a pandemia propiciou conseguirmos esse espaço para chegada e armazenamento dos alimentos na cidade e nós esperamos mantê-lo mesmo depois que a crise passar”.

Agroecologia: remédio contra a pandemia

Para quem não tem familiaridade com o movimento da agroecologia, falamos de “uma rede de coletivos que planta, colhe, doa alimentos, apoia agricultores familiares e a preservação da natureza, ocupa espaços urbanos com hortas, busca conexões com o mundo rural, faz barulho e pressão por políticas públicas que levem abundância e qualidade nutricional para a população, inclusive tirando o veneno dos nossos pratos e da nossa água” explica a co-deputada estadual pela Bancada AtivistaCláudia Visoni.

Para poder distribuir os alimentos produzidos no cinturão verde de Sampa dentro da capital, se faz necessário um entreposto, ou seja, um centro de distribuição que receba os caminhões de madrugada cheios de comida recém colhida e armazene tudo em condições adequadas até que os distribuidores locais venham buscar.

No modelo atual de distribuição de comida fresca da capital paulista, toda a produção do Brasil vai parar num único local, o CEAGESP, onde todos os distribuidores incluindo as redes de supermercados, lojas, sacolões, feirantes etc vão buscar a comida que será então vendida para o consumidor final.

Sabe aquele melão amarelinho, lindo e maravilhoso que custa uma fortuna no supermercado do seu bairro? Foi comprado do produtor a um valor baixíssimo, produzido com um monte de agrotóxico e rodou mais de 3 mil kilômetros para chegar do Ceará até o CEAGESP, queimando um monte de óleo diesel ao longo de todo o caminho até se encontrar com todos os demais produtos que vem de longe até se encontrarem na avenida mais poluída do Brasil, a Gastão Vidigal, onde fica nosso único centro de distribuição.

A rede agroecológica paulista propõe um modelo diferente. Ao invés de concentrarmos tudo o que vem de longe num único centro de distribuição, sua proposta é fomentar a criação de vários galpões espalhados pelos quatro cantos da cidade, cada um recebendo alimentos produzidos perto de si.

O Galpão Agroecológico surgiu no bairro do Rio Pequeno, na zona Oeste paulistana, e os principais fornecedores hoje são a Rama Rede Agroecológica de Mulheres Agricultoras da Barra do Turvo, e também o MST da regional grande São Paulo e eventualmente de outras regiões.  Nenhum dos alimentos vendidos no galpão levou veneno para ser produzido e todos vieram de coletivos, cooperativas, redes ou movimentos que produzem no sistema de agricultura familiar, pagando um valor justo e tratando as familias produtoras com o devido respeito e admiração.

Feira livre com comida orgânica, educação ambiental e arte

Além de atuar como centro de distribuição, o Galpão Agroecológico atua também pretende atuar como feira-livre aos sábados, oferecendo ao público da Zona Oeste a possibilidade de comprar seus alimentos por ali mesmo (acompanhe a programação na página antes de sair de casa).

Além da venda de comida e de alimentos beneficiados pela rede agroecológica como geléias, pães, molhos, cervejas artesanais e até vinhos orgânicos, a idéia é que aos poucos o galpão receba atividades culturais: shows, oficinas de permacultura e demais atividades culturais que facilitem a integração entre o público da região e os princípios da agroecologia.

Segundo Juliana Prado, gerente do espaço, “a feira tem como objetivo ajudar o galpão a se tornar sustentável a longo prazo, que é um projeto social que visa a promoção e fomento da agroecologia aqui no bairro”.

A feira do galpão está aberta a receber novos produtos dos produtores agroecológicos das cercanias paulistanas e também de artesãos interessados em vender seus produtos por consignação na feira. Os interessados podem falar diretamente com a turma dos Anticorpos Agroecológicos via redes sociais.

A ideia é boa? Bora apoiar!

A iniciativa está no começo, é pequena e enfrenta muitos desafios pela frente, mas tem tudo para ser um belo exemplo para ser seguido por toda a cidade. Quer fortalecer o projeto? Entre na página dos Anticorpos Agroecológicos, compre seus produtos, divulgue para a sua rede e acompanhe de perto a sua trajetória.

Serviço

Endereço: Av. Otacilio Tomanik, 926, Butantã
Horário de atendimento: consulte-os via redes sociais.