O plantio de árvores reforça denúncias contra condução política diante das queimadas e da pandemia de coronavírus
Entre os dados que comprovam alta nas queimadas pelo país e a negação dessa realidade por parte do governo federal, algumas experiências respondem de forma prática e propositiva. Na mesma semana em que o presidente Jair Bolsonaro tentou culpar populações tradicionais pelos incêndios nos biomas Amazônia e Pantanal, o Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) permaneceu respondendo ao plantar mais árvores.
A semana de 20 a 26 de setembro marca a campanha Plantemos a Resistência: contra o Genocídio e os Despejos. Essa é uma forma de denunciar a conduta política do governo Bolsonaro diante do descontrole diante da destruição da biodiversidade e da pandemia de coronavírus no país, além de protestar contra ações de despejo neste período de crises e necessidade de isolamento social.
Na prática, a campanha garante o plantio massivo de árvores nas áreas ameaçadas de despejo, construção de bosques em memória das vítimas do novo coronavírus e iniciativas de embelezamento e reafirmação política dos territórios, como pintura de murais, placas e com faixas com palavras de ordem. A semana faz parte de outra grande campanha do Movimento.
“A campanha faz parte do Plano Nacional Plantar Árvores e Produzir Alimentos Saudáveis, que foi lançada pelo MST. E tem como meta plantar 100 milhões de árvores, ao longo de dez anos. O nosso plano visa reafirmar que Reforma Agrária Popular é sinônimo de alimentação saudável e cuidado com os bens comuns. E, ao mesmo tempo, denunciar as ações e planos de destruição ambiental do agronegócio e da mineração”, explica Bárbara Loureiro, do setor de Produção do MST.
Um dos exemplos da Semana Plantemos a Resistência: contra o Genocídio e os Despejos ocorreu no dia 21 de setembro, no assentamento Dom José Gomes, em Chapecó (SC). Cerca de 300 mudas de árvores nativas foram plantadas inaugurando o Bosque Dom José Gomes.
A ação no oeste catarinense foi realizada um dia antes do discurso do presidente Jair Bolsonaro na Assembleia da ONU. As palavras do capitão reformado adentraram temas como pandemia, economia, questão ambiental e democracia, sendo desmentidas por agências de notícias e repudiadas por movimentos populares, como um “descompasso” com a realidade do país.
“A base da nossa campanha é construir ações que pautem o ‘Fora Bolsonaro’, denunciando ações do governo neste tema ambiental. O segundo objetivo é denunciar o genocídio do governo com a pandemia da covid-19 e essa certa naturalização da morte, sobretudo das pessoas mais pobres. E o terceiro elemento é denunciar a ameaça de despejos aos nossos territórios. Pautando que despejo na pandemia é crime, mas também reafirmar o nosso compromisso de luta com esses territórios”, salienta.
As 100 milhões de espécies presentes no Plano Nacional Plantar Árvores e Produzir Alimentos Saudáveis pretende recuperar áreas degradadas por meio da implantação de agroflorestas e quintais produtivos.
Edição: Douglas Matos
Daniel Lamir: Brasil de Fato
CAIS | Centro de Assessoria e Apoio a Iniciativas Sociais