O crime cometido pela Vale em 2019 é continuado e se renova a cada dia
Arte: Assessoria de Comunicação da III Romaria pela Ecologia Integral
Brumadinho e a bacia do Paraopeba recebem a III Romaria pela Ecologia Integral entre os dias 22 e 27 de janeiro de 2022, com o lema Memória e Justiça. Este ano, a programação está dividida entre ações presenciais e virtuais, com presença de organizações nacionais e internacionais. Realizada pela Região Episcopal Nossa Senhora do Rosário (RENSER), da Arquidiocese de Belo Horizonte, junto às pastorais e movimentos sociais, Assessorias Técnicas Independentes, ONG’s, entidades da sociedade civil organizada, e com a participação fundamental de atingidos e atingidas, a III Romaria busca manter viva a verdade e a memória e lutar por justiça para todas as vítimas desse crime.
Emergência pelas chuvas em Minas Gerais afeta atingidos do Paraopeba
Embora a programação das atividades possua uma data específica, este ano a Romaria começou no acolhimento das vítimas das enchentes em Brumadinho e ao longo da bacia do Paraopeba. Para as pessoas atingidas, é impossível não reviver a dor da lama de 25 de janeiro de 2019, especialmente agora que os rejeitos da mineração voltam à superfície. O crime do rompimento da barragem causado pela Vale e Tuv Sud no Córrego do Feijão se renova. Três anos depois, cabe à população retirar a lama que foi mais uma vez lançada sobre suas casas, cultivos, corpos e almas.
A culpa da enchente não é da chuva: a emergência climática é devido à destruição irracional da natureza, à mineração, ao desmatamento, à poluição e à falta de políticas públicas adequadas de uso e ocupação do território. Dessa forma, a Romaria é concebida dentro do conceito da Ecologia Integral, norteado pela Encíclica “Laudato Si – Louvado Seja – o cuidado com a Casa Comum”, escrita pelo Papa Francisco.
Coletiva de imprensa
De forma a denunciar as constantes violações decorrentes do crime da Vale e Tuv Sud, será realizada uma coletiva de imprensa no dia 25 de janeiro, marco dos 3 anos do rompimento da barragem, no Santuário Arquidiocesano Nossa Senhora do Rosário, às 8h. A coletiva abordará a situação das comunidades após esses três anos, chamando a atenção sobre a necessidade de que medidas emergenciais sejam realidade para todas as comunidades atingidas e sobre os desafios para que a reparação integral aconteça de forma justa de Brumadinho até Três Marias.
Dom Vicente Ferreira (RENSER), Andresa Rodrigues (presidente da AVABRUM), Marcus Vinicius Polignano (Guaicuy), Wekanã (liderança indígena Pataxó da Aldeia Naô Xoha), Joelisia Feitosa (membro do MAB representando os movimentos sociais) farão os seus depoimentos sobre os três anos de impunidade e as enchentes na região. Haverá, também, durante a programação vigília e missas nas paróquias da RENSER, ato no letreiro de Brumadinho e uma live internacional sobre leis de devida diligência na Europa.
Para garantir a segurança dos romeiros e das romeiras, seguiremos todos os protocolos de segurança em relação à Covid-19. Todos os participantes deverão usar máscaras, álcool em gel e apresentar carteira de vacinação. A coletiva de imprensa será transmitida ao vivo pelo Instagram do Instituto Guaicuy e pela página do Youtube da RENSER. A missa presidida pelo Arcebispo Dom Walmor de Oliveira será transmitida ao vivo pela emissora TV Horizonte.
Créditos: Marcela Nicolas, Tamires Aquino e Região Episcopal Nossa Senhora do Rosário
O que é a Romaria
A Romaria é coordenada pela Região Episcopal Nossa Senhora do Rosário (RENSER), da Arquidiocese de Belo Horizonte, em parceria com movimentos populares e pessoas defensoras dos direitos humanos e da natureza diante das atrocidades causadas pelo rompimento da barragem do Córrego do Feijão, em Brumadinho.
Ela não é apenas um evento anual. É um processo coletivo constante, que discute e constrói caminhos de vida, sobretudo a partir do grito dos atingidos e da terra diante de modelos extrativistas que violam direitos humanos e matam comunidades e ecossistemas inteiros.
A primeira Romaria aconteceu em janeiro de 2020, com missas, celebrações ecumênicas, caminhadas e atos. Contou com a participação de comunidades atingidas, familiares de vítimas fatais, sobreviventes, povos tradicionais e lideranças políticas e religiosas. A II Romaria, realizada no contexto da pandemia, em 2021, contou com missas e eventos virtuais, como a troca de correspondências em formato de vídeos entre pessoas atingidas e o lançamento do Pacto dos Atingidos.
Ser romeiro(a) é caminhar com fé no Deus da vida e lutar por justiça. É fortalecer os processos coletivos, gerando solidariedade entre as comunidades da bacia do Paraopeba. É optar por uma postura forte, coerente, combativa e protagonista diante da opressão da Vale S.A e do modelo de mineração que se impõe no Brasil.
Créditos: Marcela Nicolas, Tamires Aquino e Região Episcopal Nossa Senhora do Rosário
Além disso, ser romeira(o) é almejar e construir a transformação, sonhar e estruturar outro mundo possível, justo e solidário, promovendo a mudança da crise civilizatória que a humanidade enfrenta, a partir dos valores do Evangelho de Jesus.
O conceito da Ecologia Integral foi proposto pelo Francisco em sua Encíclica “Laudato Si”. Ele nos convida a construir uma civilização na qual todos somos irmãos e irmãs, habitantes da Casa Comum, a Mãe Terra, Pachamama, como nos ensinam os povos indígenas.
Em 2022, a III Romaria pela Ecologia Integral a Brumadinho acontecerá de 20 a 27 de janeiro, marcando os 3 anos da tragédia-crime. A programação completa será divulgada, em breve, aqui nas nossas redes sociais e nas páginas das entidades parceiras. Aguardem!
Vamos juntas e juntos, por memória, justiça e reparação integral. Para que não nos esqueçamos de que nunca deveria ter acontecido e para que nunca mais aconteça!