"Contribuir com o fortalecimento das Organizações Sociais na perspectiva da defesa dos direitos e da transformação social, construindo parcerias e dando visibilidade a práticas sociais inovadoras".

Assembleia Geral do Cais destacou ações e perspectivas em novo cenário sociopolítico no Brasil

 

 

Associados e associadas do Centro de Assessoria e Apoio a Iniciativas Sociais (CAIS), estiveram reunidos (22/03) no Centro Cultural de Brasília (CBB) para Assembleia Geral. Com objetivo de avaliar trabalhos realizados em 2022 e estudar as indicações de futuro, associados, assessoras, assessores, Diretoria e Secretaria analisaram pautas e agendas para o ano de 2023. O encontro foi realizado de forma híbrida, com destaque para análise da conjuntura atual para fins das perspectivas de atuação do CAIS. O momento de encontro foi importante para a troca de informações referentes aos processos administrativos, atividades e avaliações, mas sobretudo para reencontrar e pensar juntos nos caminhos de esperança neste novo cenário social e político do país.

 

O presidente Pedro Gontijo abriu a assembleia apontando o relatório com as transparências das ações desenvolvidas pelo Cais, que após período de pandemia teve uma intensidade maior. O secretário Paulo Maldos destacou a transparência na atuação institucional do Projeto Trienal que é apoiado por Misereor. A Assembleia aprovou o parecer do Conselho Fiscal que teve esclarecimentos das ações de projetos atuais, transições de diretorias e conselho fiscal do ano iniciados em 2022.

 

O coordenador de programas, Adriano Martins, apresentou o relatório anual do Cais e evidenciou a parceria de Misereor, com ênfase para as ações de intercâmbio que abrangem as articulações da plataforma semiárido de América Latina e plataforma sul de Angola. Entre os pontos importantes, Adriano citou as atividades de assessoria e participação dos 50 anos do Cimi e do Conselho Indígena de Roraima e a participação na construção do Projeto de Educação Popular a convite da Secretaria Geral da Presidência do governo federal. Ano passado o Cais atuou na incidência política com foco na estratégia de comunicação através de parcerias realizou o webinário que debateu a temática das notícias falsas e eleições. A ação proporcionou a produção de uma cartilha de orientação que será lançada em breve.

 

Foram várias atuações e iniciativas importantes do Cais, a exemplo do tema que envolve segurança, proteção e autocuidado. Em dezembro (2022) o Cais realizou  encontro virtual  que reuniu mais 80 participantes para debater a formação de medidas Salvaguardas para organizações parceiras de Misereor no Brasil. Atualmente a mobilização está em processo para iniciar ainda neste semestre.

 

No mês de abril o Cais terá uma agenda na Alemanha, parte da equipe irá participar do Seminário que reunirá várias instituições parceiras de Misereor da América Latina e Caribe. A finalidade do evento é promover o momento de intercâmbio de práticas metodológicas de formação e assessorias voltadas para os temas centrais administrativos, financeiros e captação de recursos. Além do intercâmbio, o seminário irá reunir representantes das instituições pela primeira vez após o período crítico de pandemia, momento propício para reconectar as ações entre os continentes americano e europeu.

 

 

Análise de conjuntura e encaminhamentos

 

Após apresentação das pautas e relatórios, o secretário Paulo Maldos convidou Laura Lyrio, Gilberto Sousa e Guilherme Delgado para partilharem a análise de conjuntura. Gilberto Sousa, que é um dos associados do Cais, despertou os pensamentos resgatando a vitória da democracia com a força dos movimentos populares e apontou ações e disputa de narrativa da extrema-direita. Para ele é muito importante a atenção ao atual parlamento e criar com certa urgência uma agenda comum dos povos, com pautas unificadas para um projeto popular. Em seguida Guilherme Delgado da Associação Brasileira de Reforma Agrária (Abra), colocou pontos pertinentes para o momento, analisando os três meses do governo Lula. Pontuou o plano da equipe econômica o “arcabouço fiscal” proposta para substituir o teto de gastos do governo federal, as reformas tributárias e a política agrícola. São temas que estão atrelados às questões sociais e ambientais. Guilherme faz referência à base parlamentar diante dos programas prioritários. “Não podemos nos inquietar politicamente, temos que aproveitar os espaços para inserir as demandas prioritárias sociais nestas agendas relevantes”. Alertou Guilherme.  Em seguida, a educadora popular Laura Lyrio do Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), frisou o momento atual como esperança, mas alertou para os desafios da sustentabilidade contemporânea que não garante o bem viver dos povos e as expectativas nas conquistas e construções de políticas públicas. Laura sinalizou atenção para o aumento da violência contra as mulheres do campo e da cidade. “Nós do Movimento das Mulheres Camponesas acreditamos que é por meio da valorização da organização produtiva das mulheres que se pode garantir a diversidade dos grupos sociais do campo, da cidade, das florestas e das águas. Isso garante a autonomia das mulheres e fortalece as lutas sociais”. Afirmou Laura.

 

Diante das análises Alessandra Miranda que integra a equipe do Cais e é Secretária Executiva da 6ª SSB, frisou a importância em debater a regularização fundiária no Brasil e fortalecer a articulação dos movimentos populares no governo. Alessandra sugeriu que o momento propõe em caráter urgente a produção de material didático para discutir a temática de taxa de juros com linguagem acessível para que as pessoas entendam. Outro ponto que Alessandra ressaltou é referente a participação dos homens na luta contra a violência contra as mulheres. “Os homens precisam estar presentes na luta contra essa violência contra as mulheres, nós mulheres não damos conta sozinhas, vocês são solidários a causa, mas precisamos do empenho dos homens nessa luta para trazer essa bandeira na frente junto as mulheres”.  Destacou Alessandra.

 

Dom Reginaldo Andrietta, bispo de Jales (SP) e vice-presidente do Cais, também frisou sua reação diante da análise de conjuntura. Ele apontou as questões estruturantes do social e político e ressaltou que é necessário fazer uma análise de projeção para interferir nas temáticas atuais e fortalecer as ações de perspectivas de projeto popular, cultural e temas subjetivos que envolvem as ações.  A assembleia encerrou com a leitura e aprovação da ata e encaminhamentos das indicações apontadas.

 

Por Cláudia Pereira