Para chamar a atenção às temáticas tratadas durante o Sínodo da Amazônia também no Brasil, diversas organizações vinculadas à Igreja Católica, entre elas o CAIS (Centro de Assessoria e Apoio a Iniciativas Sociais), realizam, em Brasília, o Tríduo do Sínodo para a Amazônia. São três celebrações que aproximam a comunidade às principais questões enfrentadas pelo Bioma. A primeira celebração ocorreu na última quarta-feira, 9 de outubro, no Centro Cultural de Brasília.
O Sínodo para a Amazônia começou no último dia 6 de outubro e segue até o dia 27 no Vaticano, em Roma. Convocado pelo Papa Francisco, o pontífice chama toda a sociedade para a responsabilidade individual e coletiva no cuidado da casa comum. Com o tema Amazônia: novos caminhos para a Igreja e por uma ecologia integral, segundo palavras do próprio Francisco, “ o objetivo principal desta convocação é identificar novos caminhos para a evangelização daquela porção do Povo de Deus, especialmente dos indígenas, frequentemente esquecidos e sem perspectivas de um futuro sereno, também por causa da crise da Floresta Amazônica”.
Na Amazônia, 31% dos focos de queimadas registrados até agosto deste ano localizavam-se em áreas que eram floresta até julho de 2018. A conclusão é de uma análise feita pela equipe do WWF-Brasil, sobre focos de queimadas no bioma, com base em séries históricas de imagens de satélite e em dados do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Ao longo de 2019, a área total da Amazônia destruída por incêndios é estimada em cerca de 43.753 km². No mesmo período, em 2018, foram queimados 17.553 km², o que representa um aumento de quase 150% neste ano. Além da devastação, o bioma ainda é marcado por diversos conflitos por posse de terras.
“O fato de o Sínodo estar sendo realizado em Roma não isenta a nossa responsabilidade de estarmos mobilizados no Brasil para um gesto concreto. Quando o Papa chama esse evento em Roma, eu acredito que ele não quer falar somente com a Europa, ele quer falar com a África, com a Ásia, com todos os continentes. Nós entendemos que ele já está fazendo um grasse serviço de convocar o Sínodo para a Amazônia e nós precisamos fazer a nossa parte”, explicou a irmã Suelli Bellato, coordenadora da Conferência de Religiosos de Brasília. Durante a celebração, ela ainda destacou que “existem pessoas que acham que trabalho é sinônimo de destruição. Se não fosse os indígenas, quilombolas, as comunidades tradicionais, nós não teríamos o país que temos hoje”.
Padre Gabriele Cipriani, presidente do CAIS, lembrou que nós, seres humanos, também somos terra. “Falam muito das Terras Indígenas, que devem ser destinadas para produzir, mas será que é somente lucrando que podemos possuir essa terra?”, questionou durante a celebração.
Gilmara Fernandes Ribeiro, do CIMI (Conselho Indigenista Missionário), uma das entidades que participam nesta semana da oficina de PMA (Planejamento, Monitoramento e Avaliação), promovida pela CAIS em Brasília, lembrou que em Roraima, na década de 1970, a Igreja fez um processo de escuta dos povos quando eles já eram os mais explorados. “Ao escutar, essa Igreja fez uma opção: a de organizar esses povos. E eles mesmo nos dizem: a Igreja foi sempre aquela que andou junto com a gente, foi aquela que nos ajudou enxergar”. Gilmara, durante seu testemunho, disse que é preciso ‘Amazonizar’: “Amazoniar para um Igreja com rosto amazônico. Amazonizar uma Igreja para a causa dos excluídos e oprimidos. Amazonizar uma Igreja que esteja na defesa desses territórios e que não tenha medo. Uma Igreja que esteja a serviços da vida e dos povos”.
A próxima celebração do Tríduo do Sínodo para a Amazônia será realizada no Santuário Perpétuo Socorro, na Praça do Relógio, em Taguatinga, nesta quarta-feira, dia 16 de outubro.
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CAIS | Centro de Assessoria e Apoio a Iniciativas Sociais