Nesta segunda-feira (31), a Comissão Pastoral da Terra (CPT), organismo vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), divulgou a edição 2020 da publicação anual “Conflitos no Campo Brasil”. O relatório, organizado desde 1985 pela CPT, reúne dados sobre os conflitos e violências sofridas pelos trabalhadores e trabalhadoras do campo brasileiro, bem como indígenas, quilombolas e demais povos tradicionais do campo, das águas e das florestas.
Os dados mostram que, em tempo da pandemia da Covid-19, houve um aumento de quase 8% no número de conflitos no campo, comparando 2019 com 2020. Os dados registram um aumento no número de famílias envolvidas em conflitos, mais de 80.000, bem como o número de pessoas, chegando a mais de 900.000. O relatório aponta ainda que a maioria destes conflitos se deu na Amazônia, cerca de 62% dos casos.
O bispo de Itacoatiara (AM) e presidente da CPT, dom José Ionilton Lisboa de Oliveira, ressalta que o relatório torna público informações sobre a violência no campo que normalmente não têm espaço nos grandes meios de comunicação até mesmo nos meios de comunicação de inspiração católica.
“A CPT, com este trabalho, que começou em 1985, tornou-se a única entidade a realizar tão ampla pesquisa da questão agrária em escala nacional. Os seus dados são utilizados por várias instituições de ensino, pesquisadores, instâncias governamentais e pela imprensa. Desde 2011, o relatório fica disponível no site da CPT”, disse.
Dom José Ionilton destaca ainda que os dados publicados anualmente revelam como as pessoas sofrem para permanecerem no campo. “A violência no campo mostra que os interesses do capital, na busca desenfreada por lucro fácil, tentam eliminar e intimidar quem está na terra ou no território. Por isto as mortes, as ameaças e a expulsão que atinge pessoas, comunidades, povos“.
Devido à pandemia da Covid-19, a 35ª edição do relatório será lançada no site e com a realização de uma live, a partir das 10 horas, nas redes sociais da CPT.
Participam do lançamento, o bispo de Itacoatiara (AM) e presidente da CPT, dom José Ionilton Lisboa de Oliveira, a professora da Universidade Federal do Amapá (UNIFAP), Patrícia Rocha e a coordenadora executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), Sônia Guajajara. O arcebispo de Belo Horizonte e presidente da CNBB, dom Walmor Oliveira de Azevedo fará sua participação por meio de uma mensagem gravada em vídeo.
De acordo com o presidente da CPT, a publicação do Caderno serve para fazer os trabalhadores e as trabalhadoras do campo perceberem que não estão sozinhos e sozinhas, que existem pessoas, pastorais e organismos da Igreja e entidades da sociedade civil que estão com eles e com elas em suas lutas por direitos.
“O caderno tem sido a voz das pessoas e famílias vítimas da violência no campo e tem servido para despertar a solidariedade, em ações presenciais, em denúncias virtuais e em apoio financeiro”, ressalta dom Ionilton
O objetivo da CPT, em publicar anualmente este Caderno, é para que o trabalhador e a trabalhadora, conhecendo melhor sua realidade, possam com segurança assumir sua própria caminhada, tornando-se sujeitos e protagonistas da história. A atividade pode ser assistida na página da CPT no Facebook e no canal no Youtube. Os dados da pesquisa e o relatório podem ser acessados no site: cptnacional.org.br.
CAIS | Centro de Assessoria e Apoio a Iniciativas Sociais